Metodologia para a construção da paleta vegetal do projeto paisagístico do Parque Capibaribe, Recife, Pernambuco, Brasil: primeira etapa*

Joelmir Marques da Silva**

Universidade Federal de Pernambuco (Brasil)

Naturaleza y Sociedad. Desafíos Medioambientales • número 13 • septiembre-diciembre 2025 • pp. 1-24

https://doi.org/10.53010/nys13.04

Recebido: 12 de setembro de 2024 | Aprovado: 22 de maio de 2025

Resumo. O respeito e a valorização da fitofisionomia do Recife — especialmente da vegetação e da fauna associadas ao rio Capibaribe — constituem o eixo central do projeto Parque Capibaribe, concebido como uma estratégia de educação ambiental e patrimonial. Para isso, foi essencial compreender a composição vegetal dos fragmentos florestais remanescentes e selecionar espécies adaptáveis ao ambiente urbano, culminando na elaboração de uma paleta vegetal específica para o projeto. Reconhecida como uma das cidades mais vulneráveis às mudanças climáticas no mundo, ocupando a 16ª posição em rankings internacionais, Recife enfrenta desafios significativos no planejamento urbano sustentável. Este artigo apresenta o processo de construção da paleta vegetal do Parque Capibaribe e a lista de espécies selecionadas, destacando o caráter pioneiro da introdução de essências nativas em espaços públicos como estratégia de mitigação climática. A pesquisa baseou-se em dados produzidos pelos projetos “Botânica aplicada ao paisagismo — Parque Capibaribe” e “Identificação e ilustração botânica de espécies da Mata Atlântica aplicada ao paisagismo”, ambos vinculados ao grupo de Pesquisa e Inovação para as Cidades (INCITI), do Laboratório de Tecnologias de Investigação da Cidade da Universidade Federal de Pernambuco. A experiência de projetar um espaço público com foco na requalificação ambiental revelou desafios importantes, sobretudo no que se refere à produção de mudas de espécies nativas, uma prática ainda incipiente no Brasil. Diante de sua condição climática crítica, Recife desponta como referência na busca por soluções baseadas na natureza, consolidando-se como pioneira em pesquisas voltadas à valorização da paisagem urbana, onde o verde assume papel central.

Palavras-chave: paleta vegetal, vegetação nativa, paisagem urbana, cidade, mudanças climáticas, Pernambuco, Brasil.

Metodología para la elaboración de la paleta vegetal del proyecto paisajístico del Parque Capibaribe, Recife, Pernambuco, Brasil: primera etapa

Resumen. El respeto y la valorización de la fitofisionomía de Recife —especialmente de la vegetación y la fauna asociadas al río Capibaribe— constituyen el eje central del proyecto Parque Capibaribe, concebido como una estrategia de educación ambiental y patrimonial. Para ello, fue esencial comprender la composición vegetal de los fragmentos forestales remanentes y seleccionar especies adaptables al entorno urbano, lo que culminó en la elaboración de una paleta vegetal específica para el proyecto. Reconocida como una de las ciudades más vulnerables al cambio climático en el mundo, ocupando el puesto 16 en rankings internacionales, Recife enfrenta importantes desafíos en materia de planificación urbana sostenible. Este artículo presenta el proceso de construcción de la paleta vegetal del Parque Capibaribe y la lista de especies seleccionadas, destacando el carácter pionero de la introducción de especies nativas en espacios públicos como estrategia de mitigación climática. La investigación se basó en datos producidos por los proyectos “Botánica aplicada al paisajismo — Parque Capibaribe” e “Identificación e ilustración botánica de especies de la Mata Atlántica aplicadas al paisajismo”, ambos vinculados al grupo de Investigación e Innovación para las Ciudades (INCITI), del Laboratorio de Tecnologías de Investigación de la Ciudad de la Universidad Federal de Pernambuco. La experiencia de diseñar un espacio público con enfoque en la revalorización ambiental reveló desafíos importantes, especialmente en lo que respecta a la producción de plántulas de especies nativas, una práctica aún incipiente en Brasil. Ante su condición climática crítica, Recife se perfila como referencia en la búsqueda de soluciones basadas en la naturaleza, al consolidarse como pionera en investigaciones orientadas a la valorización del paisaje urbano, donde el verde ocupa un lugar central.

Palabras clave: paleta vegetal, vegetación nativa, paisaje urbano, ciudad, cambio climático, Pernambuco, Brasil.

Methodology for developing the plant palette for the Capibaribe Park landscape project in Recife, Pernambuco, Brazil: initial phase

Abstract. Respect for and appreciation of Recife’s phytophysiognomy—especially the vegetation and fauna associated with the Capibaribe River—are the central focus of the Capibaribe Park project, conceived as an environmental and heritage education strategy. To achieve this, it was crucial to understand the plant composition of the remaining forest fragments and choose species adaptable to the urban environment, resulting in the development of a plant palette specifically for the project. Recognized as one of the world’s most vulnerable cities to climate change, placed 16th in international rankings, Recife faces significant challenges in sustainable urban planning. This article outlines the process of developing the Capibaribe Park plant palette and the list of selected species, emphasizing the pioneering effort to introduce native plants into public spaces as a climate mitigation strategy. The research utilized data from the projects “Botany Applied to Landscaping: Capibaribe Park” and “Identification and Botanical Illustration of Atlantic Forest Species Applied to Landscaping,” both connected to the Research and Innovation for Cities (INCITI) group at the City Research Technologies Laboratory at the Universidad Federal de Pernambuco. The experience of designing a public space focused on environmental revitalization uncovered significant challenges, especially in producing native plant seedlings, a practice still emerging in Brazil. Due to its challenging climate conditions, Recife is becoming a leader in pursuing nature-based solutions and is pioneering research to enhance the urban landscape, with greenery playing a vital role.

Keywords: plant palette, native vegetation, urban landscape, city, climate change, Pernambuco, Brazil.

Introdução

O nosso paiz possue evidentemente uma flora riquíssima e, desse modo, não nos será difficil encontrarmos em qualquer cidade elementos que solucionem essa necessidade. Até então, não tem sido assim o que, entre nós se tem feito nesse sentido. As ruas arborizadas quasi que exclusivamente com Fícus benjamim, além de resolver mal os problemas de arborização urbana, deixam uma impressão de pobreza de nossa flora, o que não é verdadeiro [...] a variedade immensa de plantas que nos offerecem nossas matas magnificas [...] urge que se comece, desde já, a semear, nos nossos parques e jardins, a alma brasileira.” [sic].

Burle Marx in Diario da Tarde, 22/05/1935, p. 1.

Projetar um jardim ou um parque não é negar nem imitar servilmente a Natureza1. É saber transpor e associar, com base em um critério seletivo, pessoal, os resultados de uma observação morosa, intensa e prolongada sobre ela. Toda essa policromia fica assentada sobre um pano de fundo, conferindo forma, ritmo e cor, para realçar, em cada estação, o caráter de uma determinada paisagem. Como afirma Alain Roger (2007), é impossível entender a paisagem como realidade natural, porque toda nossa experiência é mediatizada pela arte e, portanto, é uma operação artística cultural, denominada de “artialização”.

Essa afirmação estabelece, para além de uma separação entre Natureza e paisagem, o caminho invertido para uma (re)compreensão contemporânea da paisagem. Se as coisas que a compõem estão, necessariamente, interligadas em um conjunto mais vasto, esse entendimento nos aponta para a própria paisagem como chave de (re)conexão entre a Natureza e a cultura justo o que se propõe no projeto paisagístico do Parque Capibaribe. O pacto, então, pode ser entendido como “[...] una combinación específica de componentes paisajísticos de índole ambiental, cultural y estética y de dinámicas claramente reconocibles que le confieren una idiosincrasia diferenciada del resto del territorio” (Font e Martí, 2009, p. 415, citado por Veras, 2018, p. 71).

Propõe-se, com o projeto do Parque Capibaribe, a requalificação de 42 km do Rio Capibaribe, abrangendo as margens esquerda e direita, com o objetivo de viabilizar o fluxo dos moradores e usuários em geral, estreitando a relação do ser humano com a Natureza por meio da reestruturação dos fragmentos de Floresta Ombrófila Densa de Terras Baixas — tipologia da Mata Atlântica característica da cidade do Recife —, contribuindo, principalmente, para a mitigação das questões climáticas (figura 1).

Diante de um cenário de mudanças climáticas, o projeto do Parque Capibaribe busca ações que reduzam os impactos ambientais na cidade do Recife. Tal condição foi o ponto-chave para que o projeto ganhasse o prêmio do Banco Europeu de Investimentos, quando foi apresentado na Conferência das Partes da Organização das Nações Unidas sobre o Clima (COP25), realizada em 2019, na cidade de Madri, Espanha. Além disso, salienta-se o Decreto 33.080, de 8 de novembro de 2019, que reconhece a emergência climática global no âmbito da cidade do Recife. Ainda, de acordo com o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas, a cidade do Recife foi considerada uma das mais vulneráveis à mudança do clima no mundo, ocupando a 16ª posição no relatório de 2014 (Silva et al., 2021, p. 282).

Figura 1. Localização da cidade do Recife com destaque para a macrozona do Rio Capibaribe, onde o projeto do parque está sendo implementado. Fonte: Silva et al. (2021, p. 284).

Diante de tais questões, construíram-se estratégias de planejamento da paisagem cujo cerne está na reestruturação do sistema de espaços livres, em que a trama de conexão é determinada pelas condições ambientais e ecológicas, tendo o Rio Capibaribe como elemento estruturador. Dessa forma, busca-se favorecer a recuperação ambiental por meio de diretrizes e ações que possuem parâmetros mais restritivos à medida que se aproxima do rio (Pesquisa e Inovação para as Cidades-Universidade Federal de Pernambuco [UFPE-INCITI], 2020). Tais ações estão diretamente atreladas ao Plano Urbanístico de Recuperação Ambiental do Rio Capibaribe (Pura Capibaribe).

Evidencia-se que a implementação do projeto do Parque Capibaribe abarca condicionantes que vão além da estética e da função meramente ornamental, sendo a ética ambiental o eixo estruturante. Nessa perspectiva, a paleta vegetal “fortalece o ecossistema consolidado [...] das margens do Rio Capibaribe, onde a presença significativa de espécies vegetais exóticas e invasoras, afasta a lógica da ecologia e do entendimento da paisagem local, ou seja, da identidade do lugar” (Silva et al., 2021, p. 283).

Por serem constituídos por materiais vivos, jardins e parques são criados para o futuro. De acordo com a paisagista Carmen Añón Feliú (1994), “o projetista os cria em determinada época, que foram depois mudados e transformados. Uma ação que converte o tempo em elemento criativo” (p. 221), o que significa dizer que “hoy son de un modo a la mañana y de otro a la tarde, de un modo en verano y de otro en invierno... y ¿mañana o dentro de 5 meses?... no lo sabemos” (Berjman, 2001, p. 5). Tais características tornam o jardim/parque uma arte complexa e entendê-las é de fundamental importância para as ações de projeto e conservação. Por tudo isso, considera-se que o jardim ou o parque é “obra de arte + ciencia + técnica. Pero lo natural no se agota en lo verde. Incluye también relaciones y significados que hacen a la esencia de lo humano” (Berjman, 2001, p. 5).

Dessa forma, objetivou-se, com este artigo, apresentar o processo de construção da paleta vegetal do Parque Capibaribe, assim como a lista de espécies, que tem como pioneirismo a introdução de essências nativas no espaço público.

Ressalta-se que o cerne do artigo está na “Metodologia”, a qual pode ser replicada em outras realidades urbanas, evidenciando o caminho percorrido para o entendimento da vegetação local e os critérios utilizados para a seleção das espécies que compõem a paleta vegetal. Assim, em “Resultados e discussão”, apresenta-se uma análise crítica sobre as espécies vegetais selecionadas e sua adequação ao território do Recife, bem como sua aplicabilidade no projeto paisagístico do Parque Capibaribe. Por fim, nas “Conclusões”’, realiza-se uma análise global da importância do pensamento de projetar com a Natureza, visando a uma cidade justa, tanto ambiental quanto culturalmente.

Metodologia

As relações e significados do projeto paisagístico do Parque Capibaribe (figura 2), que estão atrelados à condição de cidade-parque, fizeram com que diversos olhares pairassem sobre o Rio Capibaribe em busca de seu valor paisagístico. Como o valor é um conjunto de atributos, vamos nos deter aqui no atributo “vegetação”.

Figura 2. Área de influência do Projeto do Capibaribe (Zona Parque) atrelada à bacia do Rio Capibaribe, onde pode-se ver a articulação entre patrimônio natural e cultural viabilizada pelas ruas de infiltrações de caráter ambiental e ecológico. Fonte: UFPE-INCIT (2020, p. 350).

Diante da complexidade no emprego da vegetação no projeto do Parque Capibaribe, fez-se necessária a elaboração de uma paleta vegetal a partir dos dados elaborados pelos projetos de pesquisa: (1) Botânica aplicada ao paisagismo — Parque Capibaribe (2018-2019) e (2) Identificação e ilustração botânica de espécies da Mata Atlântica aplicada ao paisagismo (2019-2022), vinculado grupo de pesquisa INCITI do Laboratório de Tecnologias de Investigação da Cidade, da UFPE, credenciado no Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico e financiado pela Prefeitura da Cidade do Recife e da Fundação de Amparo à Ciência e Tecnologia do Estado de Pernambuco.

Para a construção da paleta vegetal, foram realizadas pesquisas bibliográficas e documentais em teses, dissertações, artigos científicos e relatórios técnicos, com destaque para as produções de Dom Bento Pickel e Dárdano (1942 e 1949) e de Andrade-Lima, do início do século 20 (1950, 1951 e 1957). Foi importante observar que as espécies vegetais descritas na década de 1950 e de 1960 por Dárdano de Andrade-Lima — que ampliou os dados de levantamentos realizados por Dom Bento Pickel, então professor de botânica da Escola Superior de Agricultura de Tapera (Pernambuco), entre 1917 e 1936 — se repetem nos estudos florísticos atuais, o que, de certa forma, indica uma estabilidade nos fragmentos florestais.

Nesse sentido, e sabendo que 8 das 25 Unidades de Conservação da Natureza (UCN) da cidade do Recife estão diretamente ligadas ao Rio Capibaribe, a saber: (i) UCN Mata das Nascentes; (ii) UCN Mata da Várzea; (iii) UCN Caxangá; (iv) APA Capivaras; (v) UCN Iputinga; (vi) APA Açude de Apipucos; (vii) UCN Dois Irmãos e (viii) UCN Parque Natural Municipal dos manguezais, se intencionou realizar uma compilação de estudos florísticos e fitossociológicos que abarcassem tais UCNs para entender a fitofisionomia característica. Contudo, percebeu-se a carência de estudos em tais áreas. Entretanto, para a UCN Dois Irmãos e áreas florestais próximas a algumas UCNs foram identificados estudos significativos, e como pertencem a mesma fitogeografia2 procedeu-se com a análise da vegetação (figura 3).

Figura 3. Unidades de Conservação da Natureza na Macrozona Rio Capibaribe. Estruturação realizada com base no Pura-Capibaribe (UFPE/INCITI, 2020), no Plano Diretor (2008) e no SMUP (2014) sobre base das Informações Geográficas do Recife (ESIG), 2020. Fonte: Silva et al. (2021 p. 284).

A importância da seleção das espécies, com base nos levantamentos florísticos, para compor a paleta vegetal do projeto paisagístico do Parque Capibaribe atende ao parágrafo 1º do artigo 2º do Decreto 23.809, de 23 de julho de 2008, que regulamenta a Zona Especial de Proteção Ambiental 2 — Estuário do Rio Capibaribe. Esse decreto está em conformidade com a Lei Federal 9.985/2000, que institui o Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza (SNUC) e dá outras providências3, que determina que se deve: “Assegurar a sustentabilidade e, de acordo com o SNUC, a preservação dos sistemas naturais, especialmente os recursos hídricos e vegetacionais, essenciais à conservação da biodiversidade”, bem como o parágrafo 2º, que especifica a necessidade do “[...] descortino e/ou proteção das paisagens naturais”. Também é importante citar a Lei17.666/2010, que disciplina a arborização urbana no município do Recife e dá outras providências que especifica, no artigo 6º, que a arborização deve “recuperar aspectos da paisagem natural e urbana além de atenuar os impactos decorrentes da urbanização”.

Dessa forma, as determinações/especificações apresentadas nas leis e no decreto acima citados impossibilitam a implementação de espécies, mesmo de Floresta Atlântica, que não sejam característica da região.

A fim de entender a dinâmica ecológica de cada espécie, realizou-se a classificação dos grupos ecológicos e hábitos seguindo as recomendações de Martins e Rodrigues (2002) e Lorenzi (2009, 2010). Assim, foram adotadas quatro categorias, segundo as definições de Gandolfi et al. (1995):

  1. pioneira — espécies dependentes de luz que não ocorrem no sub-bosque, desenvolvendo-se em clareiras ou nas bordas das florestas;
  2. secundária inicial — espécies que ocorrem em condições de sombreamento médio ou luminosidade não muito intensa, em clareiras pequenas, bordas de clareiras grandes, bordas da floresta ou no sub-bosque pouco sombreado;
  3. secundária tardia — espécies que se desenvolvem no sub-bosque sob sombra leve ou densa, podendo permanecer nesse ambiente por toda a vida ou crescer e alcançar o dossel e/ou tornar-se emergente; e
  4. clímax — espécies que já se estabeleceram plenamente no fragmento, atingiram sua maturidade e atingiram o dossel.

Essa classificação, principalmente das espécies pioneiras e secundárias, é uma condição essencial e deve ser respeitada em um sistema de plantio artificial, como ocorre nos projetos paisagísticos.

No que tange à amenização do microclima local, as características das espécies — principalmente a arquitetura de copa, o tamanho que podem atingir na maturidade e a área foliar — foram as variáveis que possibilitaram classificá-las quanto ao potencial de redução do calor: alto, médio e baixo. Essa classificação foi aplicada e testada por Monteith e Unsworth (1990), que verificaram, em seus estudos, que árvores altas, com copas frondosas e densas e com significativa área foliar4, reduziam tanto a temperatura do ar quanto a do solo. Além disso, de acordo com Houghton (1984), as copas frondosas contribuem para a redução da velocidade do vento e da erosão do solo pelo impacto das chuvas.

Resultados e discussão

Diante de um total de 523 espécies inventariadas — entre árvores, arbustos, herbáceas (terrestre e aquáticas) e lianas —, 195 foram selecionadas para compor a paleta vegetal do projeto paisagístico do Parque Capibaribe pelos seguintes motivos: (i) potencial paisagístico; (ii) capacidade de suportar ambientes urbanos; (iii) possuir elevado ou baixo Índice de Valor de Importância (IVI %)5; (iv) ausência de toxicidade; (v) ausência de acúleos ou espinhos e (vi) potencial para a redução da temperatura do microclima local.

Essas 195 espécies compreendem 123 gêneros e 53 famílias botânicas. As famílias mais representativas, em termos de quantidade de espécies, são: Fabaceae (47), Rubiaceae (10), Melastomataceae, Apocynaceae, Bignoniaceae e Convolvulaceae (7), Passifloraceae e Sapotaceae (6) e Clusiaceae e Erythroxylaceae (5). No que diz respeito ao gênero, destacam-se: Inga (10), Miconia (8), Psychotria (7), Passiflora (6) e Erythroxylum e Pouteria (5). Em relação ao hábito, 95 são arbóreas; 37, subarbustivas; 31, lianas; 19, arbustivas; e 13, herbáceas. Já para o grupo ecológico, 69 são pioneiras; 55, secundárias iniciais; 33, secundárias tardias; 13 são clímax; e 25 não possuem classificação definida, conforme a literatura (tabela 1).

Tabela 1. Relação das espécies proposta para o projeto paisagístico do Parque Capibaribe tomando por base os resultados das pesquisas realizadas nos projetos: (i) Botânica Aplicada ao Paisagismo — Parque Capibaribe (2018-2019) e (ii) Identificação e ilustração botânica de espécies da Mata Atlântica aplicada ao paisagismo (2019-2022).

Família/espécie

Nome popular

Grupo ecológico

Hábito

Capacidade de amenização do microclima

Acanthaceae

Aphelandra nuda Nees

Pau-amamelo

Pioneira

Arbusto

-

Avicennia schaueriana Stapf & Leechm. ex Moldenke

Mangue-preto

Pioneira

Árvore

Baixa

Conocarpus erectus L.

Mangue-botão

Pioneira

Arbusto/árvore

-

Mendoncia blanchetiana Profice

-

Secundária inicial

Liana

-

Achariaceae

Carpotroche brasiliensis (Raddi) A Gray

Sapucainha

Clímax

Arbusto/ árvore

-

Anacardiaceae

Astronium fraxinifolium Schott

Gonçalves

Secundária tardia

Árvore

Média

Astronium urundeuva (M. Allemão) Engl.

Aroeira

Pioneira

Árvore

Média

Anacardium occidentale L.

Cajueiro

Sem classificação

Árvore

Baixa

Schinus terebinthifolia Raddi

Aroeira

Pioneira

Árvore

Média

Spondias lutea L.

Cajazão

Secundária tardia

Árvore

Média

Spondias macrocarpa Engl.

Cajá-redondo

Pioneira

Árvore

Baixa

Spondias mombin L.

Cajá

Sem classificação

Árvore

Baixa

Tapirira guianensis Aubl.

Capiúba

Secundária inicial

Árvore

Alta

Thyrsodium spruceanum Benth

Caboatã-de-leite

Secundária inicial

Árvore

Média

Annonaceae

Xylopia frutescens Aubl.

Embiriba-vermelha

Secundária inicial

Árvore

Baixa

Apocynaceae

Aspidosperma discolor A. DC.

Pau-falho

Secundária tardia

Árvore

média

Aspidosperma spruceanum Benth. ex Müll. Arg.

Gararoba

Clímax

Árvore

Média

Hancornia speciosa Gomes var. speciosa

Mangaba

Clímax

Árvore

Baixa

Himatanthus phagedaenicus (Mart.) Woodson

Banana-de-papagaio

Secundária inicial

Árvore

Baixa

Mandevilla moricandiana (A.DC.) Woodson

Mandevila

Secundária inicial

Liana

-

Mandevilla scabra (Hoffmanns. ex Roem. & Schult.) K. Schum.

Mandevila

Secundária inicial

Liana

-

Rauvolfia grandiflora Mart. ex A. DC.

Muirapiniga

Secundária inicial

Arbusto/árvore

-

Aquifoliaceae

Ilex sapotifolia Reissek

Mané-gonçalves

Pioneira

Árvore

Média

Araliaceae

Oreopanax fulvum Marchal

Figueira-do-mato

Pioneira

Árvore

Baixa

Schefflera morototoni (Aubl.) Maguire, Steyerm. & Frodin

Sambaqui

Secundária inicial

Árvore

-

Média

Arecaceae

Acrocomia intumescens Drude

Macaúba

Pioneira

Erva

Baixa

Bactris ferruginea Burret

Coquinho

Secundária inicial

Erva

Baixa

Aristolochiaceae

Aristolochia brasiliensis Mart. & Zucc.

Jarrinha

Pioneira

Liana

-

Asteraceae

Acmella uliginosa (Sw.) Cass.

Jumbu-pequeno

Sem classificação

Erva

-

Tilesia baccata (L.) Pruski

-

Secundária inicial

Arbusto

-

Tridax procumbes L.

Erva-de-touro

Pioneira

Erva

-

Vernonia scorpioides (Lam.) Pers.

Piracá

Pioneira

Liana

-

Bignoniaceae

Bignonia corymbosa (Vent.) L.G. Lohmann

Cipó-taí

Pioneira

Liana

-

Fridericia conjugata (Vell.) L.G. Lohmann

Cipó-roxo

Pioneira

Liana

-

Lundia cordata (Vell.) DC.

Cipó-de-vaqueiro

Secundária tardia

Liana

-

Phryganocydia corymbosa (Vent.) Bureau ex K. Schum.

Cipó

Pioneira

Liana

-

Handroanthus impetiginosus (Mart. ex DC.) Mattos

Ipê-rosa

Secundária tardia

Árvore

Média

Handroanthus roseo-albus (Ridl.) Mattos

Ipê-branco

Secundária tardia

Árvore

Média

Handroanthus serratifolius (Vahl) S. Grose

Ipê-amarelo

Secundária tardia

Árvore

Média

Bombacaceae

Pachira aquatica Aubl.

Munguba

Secundária inicial

Árvore

Alta

Eriotheca gracilipes (K.Schum.) A. Robyns

Paineira

Sem classificação

Árvore

Baixa

Boraginaceae

Cordia trichotoma (Vell.) Arráb. ex Steud.

Louro

Pioneira/Secundária inicial

Árvore

Média

Cordia superba Cham.

Guanhuma

Secundária inicial

Arbusto

-

Varronia multispicata (Cham.) Borhidi

Maria-preta

Pioneira

Arbusto

-

Burseraceae

Protium aracouchini (Aubl.) Marchand

Amescla-de-cheiro

Secundária inicial

Árvore

Alta

Protium giganteum Engl.

Amescoaba

Secundária tardia

Árvore

Alta

Protium heptaphyllum (Aubl.) Marchand

Amescla-de-cheiro

Secundária inicial

Árvore

Alta

Calophylaceae

Caraipa densifolia Mart.

Camaçarí

Pioneira

Árvore

Baixa

Cannabaceae

Trema micrantha (L.) Blume

Pau-pólvora

Pioneira

Arbusto

-

Capparaceae

Capparis flexuosa (L.) L.

Feijão-da-praia

Pioneira

Arbusto

-

Chrysobalanaceae

Licania tomentosa (Benth.) Fritsch

Oiti

Secundária inicial

Árvore

Alta

Clusiaceae

Garcinia brasiliensis Mart.

Bacupari

Clímax

Árvore

Baixa

Garcinia gardneriana (Planch. & Triana) Zappi

Bacupari

Secundária tardia

Árvore

Baixa

Symphonia globulifera L. f.

Bulandi

Pioneira

Árvore

Média

Tovomita brevistaminea Engl.

Mangue-da-mata

Pioneira

Árvore

Alta

Tovomita mangle G. Mariz

Mangue-da-mata

Secundária inicial

Arbusto/árvore

-

Combretaceae

Laguncularia racemosa (L.) C.F.Gaertn.

Mangue-branco

Pioneira

Árvore

Alta

Connaraceae

Connarus blanchetii Planch.

-

Secundária tardia

Arbusto/liana

-

Convolvulaceae

Ipomoea bahiensis Willd. ex Roem. & Schult.

Jitirana

Pioneira

Liana

-

Ipomoea purpurea (L.) Roth

Cordas-de-viola

Pioneira

Liana

-

Ipomoea martii Meisn

Ipoméia

Sem classificação

Liana

-

Ipomoea quamoclit L.

Esqueleto

Sem classificação

Liana

-

Jacquemontia glaucescens Choisy

-

Secundária inicial

Liana

-

Merremia macrocalyx (Ruiz & Pav.) O’Donell

Jitirana

Pioneira

Liana

-

Merremia umbellata (L.) Hallier f.

Batata-de-purga

Pioneira

Liana

-

Cyperaceae

Bolboschoenus robustus (Pursh) Soják

-

Pioneira

Erva

-

Eleocharis acutangula (Roxb.) Schult.

Junco

Pioneira

Erva

-

Dilleniaceae

Curatella americana L.

Sambaíba

Pioneira

Arbusto/árvore

-

Davilla aspera (Aubl.) Benoist

Cipó-de-fogo

Secundária tardia

Liana

-

Davilla kunthii A.St.-Hil.

Cipó-de-fogo

Secundária tardia

Liana

-

Tetracera breyniana Schltdl.

Cipó-de-fogo

Secundária tardia

Liana

-

Dioscoreaceae

Dioscorea marginata Griseb.

-

Secundária tardia

Liana

-

Erythroxylaceae

Erythroxylum citrifolium A. St.-Hil.

Cumixá

Secundária tardia

Arbusto/árvore

-

Erythroxylum distortum Mart.

Rompe-gibão

Secundária tardia

Arbusto

-

Erythroxylum mucronatum Benth.

Cumixá

Secundária tardia

Arbusto/árvore

-

Erythroxylum squamatum Sw.

Cumixá

Secundária tardia

Arbusto

-

Erythroxylum passerinum Mart.

Rompe-gibão

Secundária tardia

Arbusto/árvore

-

Euphorbiaceae

Euphorbia hyssopifolia L.

Erva-andorinha

Secundária tardia

Erva

-

Euphorbia prostrata Aiton

Quebra-pedra

Secundária tardia

Erva

-

Heliconiaceae

Heliconia psittacorum L.

Heliconia

Sem classificação

Erva

-

Hernandiaceae

Sparattanthelium tupiniquinorum Mart.

-

Secundária tardia

Arbusto

-

Hyperiaceae

Vismia guianensis (Aubl.) Pers.

Lacre

Pioneira

Árvore

Baixa

Lecythidaceae

Eschweilera ovata (Cambess)Mart.exMiers

Imbiriba-branca

Secundária tardia

Árvore

Alta

Gustavia augusta L.

Sapucarana

Clímax

Arbusto/árvore

-

Lecythis pisonis Cambess.

Sapucaia

Secundária inicial

Árvore

Alta

Lecythis lanceolata Poir.

Sapucainha

Clímax

Árvore

Alta

Fabaceae

Bauhinia cheilantha (Bong.) Steud.

Pata-de-vaca

Secundária inicial

Arbusto/árvore

-

Bauhinia forficata Link

Unha-de-vaca

Pioneira/Secundária inicial

Árvore

Baixa

Bauhinia forficata subsp. pruinosa (Vogel) Fortunato & Wunderlin

Pata-de-vaca

Pioneira/Secundária inicial

Árvore

Baixa

Paubrasilia echinata (Lam.) Gagnon, H.C. Lima & G.P. Lewis

Pau-brasil

Secundária tardia

Árvore

Alta

Caesalpinia ferrea Mart. ex Tul.

Pau-ferro

Sem classificação

Árvore

Alta

Cassia grandis L.f.

Cássia-grande

Pioneira

Árvore

Média

Copaifera langsdorffii Desf.

Copaíba

Secundária inicial

Árvore

Alta

Copaifera nitida Hayne

Copaíba

Pioneira

Árvore

Alta

Dialium guianense (Aubl.) Sandwith

Jataipeba

Secundária tardia

Árvore

Alta

Hymenaea courbaril L.

Jatobá-preto

Clímax

Árvore

Alta

Hymenaea martiana Hayne

Jatobá-vermelho

Pioneira

Árvore

Alta

Hymenaea rubriflora Ducke

Jatobá

Pioneira

Arbusto/árvore

-

Senna alata (L.) Roxb.

Cassia-de-pasto

Pioneira

Arbusto/árvore

-

Senna quinquangulata (Rich.) H.S. Irwin & Barneby

-

Secundária inicial

Arbusto/árvore/liana

-

Senna macranthera (DC. ex Collad.) H.S. Irwin & Barneby

Fedegosão

Sem classificação

Arbusto/árvore

-

Senna spectabilis (DC.) H.S.Irwin & Barneby

Cássia-do-nordeste

Secundária inicial

Árvore

Média

Albizia polycephala (Benth.) Killip ex Record

Manjolo

Secundária inicial

Árvore

Média

Anadenanthera colubrina (Vell.) Brenan

Angico-branco

Secundária inicial

Arbusto/árvore

-

Balizia pedicellaris (DC.) Barneby & J.W. Grimes

Timbuíba

Secundária inicial

Árvore

Média

Enterolobium contortisiliquum (Vell.) Morong

Tamboril

Pioneira/Secundária inicial

Árvore

Alta

Inga blanchetiana Benth.

Ingá-caixão

Secundária inicial

Árvore

Baixa

Inga capitata Desv.

Ingá-feijão

Secundária tardia

Árvore

Baixa

Inga cayennensis Sagot ex Benth.

Ingá-peludo

Secundária tardia

Árvore

Baixa

Inga fagifolia Willd. ex Benth.

Ingá

Pioneira/Secundária inicial

Árvore

Baixa

Inga flagelliformis (Vell.) Mart.

Ingá-pau

Secundária tardia

Árvore

Baixa

Inga ingoides (Rich.) Willd.

Ingá

Sem classificação

Árvore

Baixa

Inga laurina (Sw.) Willd.

Ingá-da-praia

Pioneira

Árvore

Baixa

Inga sessilis (Vell.) Mart.

Ingá-macaco

Pioneira

Árvore

Baixa

Inga striata Benth.

Ingá-branco

Secundária inicial

Árvore

Baixa

Inga thibaudiana DC.

Inga

Pioneira

Árvore

Baixa

Parkia pendula (Willd.) Benth. ex Walp.

Visgueiro

Secundária inicial

Árvore

Alta

Piptadenia stipulacea (Benth.) Ducke

Jurema-branca

Sem classificação

Arbusto

-

Plathymenia foliolosa Benth.

Vinhático

Secundária inicial

Árvore

Média

Tachigali densiflora (Benth.) L.F. Gomes da Silva & H.C. Lima

Ingá-de-porco

Pioneira

Árvore

Alta

Abarema cochliacarpos (Gomes) Barneby & J. W. Grimes

Ingá-preto

Secundária tardia

Árvore

Média

Amburana cearensis (Allemão) A.C. Sm.

Cerejeira

Sem classificação

Árvore

Média

Andira fraxinifolia Benth.

Angelim-coco

Secundária inicial

Árvore

Alta

Andira frondosa Mart. ex Benth.

-

Pioneira

Árvore

Baixa

Andira nitida Mart. ex Benth.

Angelim-de-morcego

Secundária inicial

Arbusto/árvore

-

Apuleia leiocarpa (Vogel) J.F. Macbr.

Garapa

Secundária tardia

Árvore

Média

Bowdichia virgilioides Kunth

Macanaíba-pele-de-sapo

Sem classificação

Arbusto/árvore

-

Clitoria cajanifolia (C. Presl) Benth.

-

Sem classificação

Arbusto/erva

-

Clitoria falcata Lam.

Feijão-do-mato

Sem classificação

Erva/liana

-

Dioclea violacea Mart. ex Benth.

Olho-de-boi

Pioneira

Liana

-

Erythrina velutina Willd.

Mulungu

Sem classificação

Árvore

Baixa

Lonchocarpus obtusus Benth.

-

Sem classificação

Arbusto/árvore

-

Pterocarpus rohrii Vahl

Pau-sangue

Secundária inicial

Árvore

Baixa

Malphygiaceae

Byrsonima sericea DC.

Murici

Pioneira

Árvore

Baixa

Heteropterys nordestina Amorim

-

Sem classificação

Liana

-

Malvaceae

Apeiba tibourbou Aubl.

Pau-de-jangada

Pioneira

Árvore

Baixa

Guazuma ulmifolia Lam.

Mutamba

Pioneira

Árvore

Média

Luehea paniculata Mart. & Zucc.

Açoita-cavalo-amarela

Sem classificação

Arbusto

-

Melastomataceae

Miconia ciliata (Rich.) DC.

Sabiá

Pioneira

Arbusto

-

Miconia compressa Naudin

-

Secundária inicial

Arbusto

-

Miconia holosericea (L.) DC.

Manipueira

Secundária Inicial

Arbusto/árvore

-

Miconia hypoleuca (Benth.) Triana

Cabelo-de-cutia

Secundária inicial

Árvore

Baixa

Miconia minutiflora (Bonpl.) DC.

Apaga-brasa

Pioneira

Arbusto

-

Miconia prasina (Sw.) DC.

Pau-cambito

Pioneira

Arbusto

-

Miconia pyrifolia Naudin

Tinteiro-branco

Secundária inicial

Árvore

Baixa

Miconia tomentosa (Rich.) D. Don

Orelha-de-morcego

Sem classificação

Arbusto/árvore

-

Moraceae

Brosimum discolor Schott

Conduru

Secundária inicial

Árvore

Baixa

Brosimum gaudichaudii Trécul

Mamica-de-cadela

Secundária inicial

Arbusto/árvore

-

Brosimum guianense (Aubl.) Huber ex Ducke

Quiri-de-leite

Secundária inicial

Árvore

Média

Brosimum rubescens Taub.

Pau-rainha

Secundária inicial

Árvore

Alta

Myrtaceae

Campomanesia dichotoma (O Berg.) Mattos

Goiabinha

Sem classificação

Árvore

Baixa

Passifloraceae

Passiflora cincinnata Mast.

Maracujá-do-mato

Pioneira

Liana

-

Passiflora contracta Vitta

Maracujá

Pioneira

Liana

-

Passiflora edmundoi Sacco

Maracujá

Pioneira

Subarbusto

-

Passiflora foetida L.

Maracujá-de-cheiro

Pioneira

Liana

-

Passiflora galbana Mast.

Maracujá

Pioneira

Liana

-

Passiflora misera Kunth

Maracujá-de-cobra

Pioneira

Liana

-

Piperaceae

Piper aduncum L.

Pimenta-de-macaco

Pioneira

Subarbusto

-

Piper arboreum Aubl.

Beco pardo

Pioneira

Subarbusto

-

Piper marginatum Jacq.

Pimenta-darda

Pioneira

Subarbusto

-

Plumbaginaceae

Plumbago scandens L.

Nuvem

Secundária inicial

Erva/liana

-

Poaceae

Echinolaena inflexa (Poir.) Chase

Capim-flechinha

Pioneira

Erva

-

Polygalaceae

Securidaca diversifolia (L.) S.F. Blake

-

Sem classificação

Liana

-

Polygonaceae

Coccoloba latifolia Lam.

Coaçu

Secundária inicial

Árvore

Média

Coccoloba lucidula Benth.

-

Secundária inicial

Arbusto/liana

-

Coccoloba ochreolata Wedd.

-

Secundária inicial

Arbusto/liana

-

Proteaceae

Roupala montana Aubl.

Carvalho-brasileiro

Secundária inicial

Arbusto/árvore

-

Rhamnaceae

Gouania virgata Reissek

-

Sem classificação

Liana

-

Rhizophoraceae

Rhizophora mangle L.

Mangue-vermelho

Sem classificação

Árvore

Baixa

Rubiaceae

Alibertia edulis (Rich.) A. Rich.

Marmelada-bola

Pioneira

Arbusto/árvore

-

Genipa americana L.

Jenipapeira

Secundária inicial

Árvore

Média

Palicourea crocea (Sw.) Roem. & Schult.

Cafezinho

Secundária inicial

Arbusto

-

Psychotria barbiflora DC.

Erva-de-rato

Pioneira

Arbusto

-

Psychotria bracteocardia (DC.) Müll. Arg.

Beijo-de-moça

Pioneira

Subarbusto

-

Psychotria capitata Ruiz & Pav.

Cafezinho

Pioneira

Erva

-

Psychotria carthagenensis Jacq.

Café-do-mato

Pioneira

Arbusto/árvore

-

Psychotria deflexa DC.

Cravo-lindo

Pioneira

Arbusto

-

Psychotria erecta (Aubl.) Standl. & Steyerm.

-

Pioneira

Arbusto

-

Psychotria platypoda DC.

-

Pioneira

Arbusto

-

Rutaceae

Hortia brasiliana Vand. ex DC.

Paratudo

Secundária tardia

Arbusto/árvore

-

Sapindaceae

Allophylus edulis (A.St.-Hil.) Hier. ex Nied.

Fruta-de-pombo

Pioneira

Árvore

Alta

Cupania racemosa (Vell.) Radlk.

Caboatã-de-rego

Pioneira

Árvore

Baixa

Cupania revoluta Radlk.

Caboatã-de-leite

Sem classificação

Árvore

Média

Sapindus saponaria L.

Bolebeira

Secundária inicial

Árvore

Média

Sapotaceae

Pradosia lactescens (Vell.) Radlk.

Marmixa

Clímax

Árvore

Média

Pouteria bangii (Rusby) T.D. Penn.

Cocão-de-leite

Clímax

Árvore

Média

Pouteria gardneri (A. DC.) Radlk.

Sapotinha

Clímax

Árvore

Média

Pouteria grandiflora (A. DC.) Baehni

Bapeba-curiola

Clímax

Árvore

Média

Pouteria peduncularis (Mart. & Eichler ex Miq.) Baehni

Sapota-de-brinco

Clímax

Árvore

Média

Pouteria venosa (Mart.) Baehni

Guapeva

Clímax

Arbusto/árvore

-

Simaroubaceae

Simaba ferruginea A.St.-Hil.

Calunga

Pioneira

Árvore

Média

Simarouba amara Aubl.

Praíba

Secundária inicial

Árvore

Média

Turneraceae

Turnera subulata Sm.

Chanana

Pioneira

Arbusto

-

Vitaceae

Cissus erosa Rich.

Cipó-vermelho

Secundária tardia

Liana

-

Cissus verticillata (L.) Nicolson & C.E. Jarvis

Insulina

Secundária tardia

Liana

-

 

Entre as espécies catalogadas, 14 fazem parte da atual florística do Rio Capibaribe, são elas: Acrocomia intumescens Drude (macaibeira), Anacardium occidental L. (cajueiro), Avicennia schaueriana Stapf & Leechm. ex Moldenke (mangue-preto), Genipa Americana L. (jenipapeiro), Handroanthus impetiginosus (Mart. ex DC.) Mattos (ipê-rosa), Inga capitata Desv. (ingá), Inga ingoides (Rich.) Willd. (ingá), Laguncularia racemosa (L.) C. F. Gaertn. (mangue-branco), Licania tomentosa (Benth.) Fritsch (oiti-da-praia), Pachira aquatica Aubl. (munguba), Rhizophora mangle L. (mangue-vermelho), Schinus terebinthifolia Raddi (aroeira), Spondias mombin L. (cajazeira) e Trema micrantha (L.) Blume (pau-pólvora).

Conforme a Red List of Threatened Species, da International Union for Conservation of Nature (IUCN, 2014), um total de 10 espécies estão em risco de extinção: Avicennia schaueriana Stapf & Leechm. ex Moldenke (mangue-preto), Euphorbia prostrata Aiton (quebra-pedra), Inga blanchetiana Benth. (ingá), Lecythis lanceolata Poir. (sapucainha), Miconia tomentosa (Rich.) D.Don (orelha-de-morcego), Paubrasilia echinata (Lam.) Gagnon, H.C.Lima & G.P. Lewis (pau-brasil), Plathymenia foliolosa Benth. (vinhático), Pouteria grandiflora (A. DC.) Baehni (bapeba-curiola), Pouteria peduncularis (Mart. & Eichler ex Miq.) Baehni (sapota-de-brinco) e Rhizophora mangle L. (mangue-vermelho). Entre estas, ressaltam-se o mangue-preto e o mangue-vermelho, presentes no Rio Capibaribe.

Assim, as 24 espécies citadas, devido às suas especificidades, devem ser priorizadas na análise e na introdução na fitofisionomia do Rio Capibaribe mediante o projeto paisagístico do Parque Capibaribe. Além de atender às diretrizes do Pura Capibaribe — que tem como ação prioritária a reconexão das pessoas com a Natureza —, a iniciativa visa salvaguardar tais espécies, favorecendo a regeneração natural, principalmente daquelas em risco de extinção local.

Ressalta-se que a adaptação às condições urbanas locais, inerentes à fitofisionomia das espécies nativas, constitui um ponto forte para sua utilização em projetos de paisagem (Almeida e Silva, 2024). Para além de tal adaptação, o uso de essências nativas em projetos paisagísticos garantirá a conformação de corredores ambientais — quando consorciadas com espécies que não pertencem ao domínio fitogeográfico — e corredores ecológicos, contribuindo para o fluxo gênico e, consequentemente, para o fortalecimento e/ou criação de nichos ecológicos. Isso garante a manutenção da fauna urbana e possibilita, conforme Lima e Silva (2025), a efetividade de serviços ecossistêmicos, tais como: (i) sequestro de carbono; (ii) conforto ambiental; (iii) controle da erosão do solo; (iv) manutenção de sistemas vivos; (v) regulação do fluxo da água e do ciclo hidrológico; (vi) experiência estética; (vii) identidade cultural; (viii) saúde e bem-estar e (ix) controle de poluentes nos aquíferos.

Conclusões

A construção da paleta vegetal do projeto paisagístico do Parque Capibaribe desponta como reflexo de uma compreensão ampliada da Natureza no ato de projetar. A complexa missão de conciliar os diferentes aspectos e diretrizes que orientam as decisões relativas à inserção da vegetação ressalta a importância de estudos e pesquisas destinados à compreensão da vegetação nativa de cada local. Essa compreensão é fundamental para a elaboração de projetos paisagísticos alinhados à função ecológica. Sabe-se, contudo, que o uso de espécies nativas enfrenta desafios, sobretudo devido à limitada disponibilidade para a aquisição em locais especializados, em um contexto em que ainda predomina a valorização da vegetação ornamental exótica.

A escassez de estudos sobre a aplicação da vegetação nativa em projetos paisagísticos constitui outro desafio. Essa lacuna acarreta implicações sociais, como a falta de identificação e representatividade dessas espécies pelas pessoas, sobretudo no meio urbano, vistas como “espontâneas” e desprezíveis —, além de impactos ecológicos relevantes, dado o papel crucial das espécies adaptadas ao local na biodiversidade e equilíbrio dos ecossistemas. Diante disso, o projeto do Parque Capibaribe atua na educação patrimonial e ambiental sobre a vegetação nativa da fitofisionomia do Recife, posicionando a Natureza como ponto fundamental para a concepção paisagística.

Assim, as dinâmicas entre o projeto paisagístico e a sua execução evidenciam a deficiência de conhecimento sobre a vegetação nativa, bem como sua disponibilidade no mercado. Em consequência, os critérios e as decisões podem ser enfraquecidos por adaptações forçadas às espécies acessíveis. Essa realidade demonstra como é fundamental a atuação do profissional paisagista — com formação base em arquitetura, urbanismo, agronomia, ciências florestais ou biologia — em todas as etapas do processo, especialmente no acompanhamento da execução, garantindo a coerência entre as diretrizes conceituais do projeto e sua materialização no território.

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    * Este artigo trata-se do resultado técnico da construção da paleta vegetal que compõe o projeto paisagístico do Parque Capibaribe. Foi financiado pela Prefeitura do Recife sob responsabilidade do grupo de Pesquisa e Inovação para as Cidades (INCITI). Atualmente, está sendo atualizado a fim de apoiar o projeto Plano de Qualidade da Paisagem do Recife, também financiado pela Prefeitura do Recife, que contempla as bacias hidrográficas dos Rios Capibaribe, Beberibe e Tejipió.

    ** Joelmir Marques da Silva. Doutor em Desenvolvimento Urbano. Professor do Departamento de Arquitetura e Urbanismo e do Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Urbano, ambos da Universidade Federal de Pernambuco, Brasil. Membro do International committee on Cultural Landscapes (ICOMOS-IFLA). joelmir.marques@ufpe.br, https://orcid.org/0000-0002-8323-7171

  1. 1 A palavra “natureza” aqui utilizada virá sempre com a inicial maiúscula para diferir do significado dessa palavra na expressão “a natureza das coisas”. “Natureza” provém do vocábulo germânico “naturista”, que tem por significado o curso dos animais, caráter natural. Por sua vez, “Natura” é a tradução para o latim da palavra grega “physis”, que, em seu significado original, faz referência à forma inata em que crescem espontaneamente as plantas e os animais (Silva, 2017).

  2. 2 Também chamada de “geobotânica”, objetiva estudar, fundamentalmente, a integração dos componentes florísticos com a participação conjuntural do ambiente (Fernandes, 2007).

  3. 3 Regulamenta-se a Zona Especial de Proteção Ambiental 2 — Estuário do Rio Capibaribe, instituída pela Lei Municipal 16.176/1996 como Unidade de Conservação Municipal, declarada nesse ato UCN-Estuário do Rio Capibaribe, em conformidade com o SNUC.

  4. 4 Quanto maior for a área foliar, mais o vegetal capta energia solar e CO2, por meio dos estômatos, ambos necessários para o processo fotossintético e, consequentemente, para a liberação de O2 no ambiente, além de favorecer a evapotranspiração. Conforme Lyle (1994), por meio do processo de evapotranspiração — também chamado de “resfriamento evaporativo” —, a energia do sol é absorvida pela planta, resultando na perda de calor na atmosfera e na umidificação do ambiente.

  5. 5 “[...] definido como a soma aritmética dos valores relativos de abundância, dominância e frequência, tem sido muito utilizado para determinar a importância ecológica das espécies, através da hierarquização em termos do grau de ocupação de sua população dentro do espaço geométrico da floresta, o que é expresso pelo número (abundância), tamanho (dominância) e distribuição espacial (frequência) dos indivíduos da população. Quanto maiores os valores de abundância, frequência e dominância mais importância terá a espécie dentro do complexo florístico da área” (Queiroz et al., 2017, p. 49).