Dívida, desesperação e reparações inconclusas em la Guajira, Colômbia
No. 14 (2012-01-01)Autor(es)
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Pablo Jaramillo
Resumo
Enquanto a memória tem sido um assunto privilegiado de análise para entender situações de (pós) conflito, outras formas de regular a temporalidade das vítimas têm recebido menor atenção. As metáforas sobre a reparação como uma “dívida com as vitimas” encontramse fortemente enraizadas na linguagem sobre justiça transicional. Neste artigo baseado em um trabalho etnográfico com comunidades indígenas Wayúu, analisa-se a linguagem da dívida como parte do trabalho de legitimação que têm os processos de verdade e reparação do Estado. O argumento central é que as noções de reparação como dívida implicam formas de inscrever soberania estatal nas relações com sujeitos antes marginados pela violência através da regulação da temporalidade. As reparações tornam-se então uma espera permanente, onde não se pode pensar o porvir por fora da submissão ao Estado como soberano.