A zawiya ilimitada e a biblioteca infinita. Novas perspectivas sobre a epistemologia do sufismo contemporâneo e do pensamento islâmico digital
No. 58 (2025-01-10)Autor(es)
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Antonio de Diego GonzálezUniversidad de Málaga, SpanhaORCID iD: https://orcid.org/0000-0002-9403-6340
Resumo
Em um mundo cada vez mais globalizado, o sufismo contemporâneo não deixou de ser afetado pela revolução digital, de modo que a tradição e a atualidade coincidiram nas práticas espirituais e esotéricas de milhares de muçulmanos. Como consequência dessas circunstâncias, as bases sociais e epistemológicas dessas práticas e de seus praticantes foram significativamente transformadas. Neste artigo, analisamos a revolução digital, no período entre 2000 e 2020, em um dos ramos mais populares do sufismo globalizado, a tariqa Tijaniyya, e exploramos como ela mudou o discurso doutrinário, social e espiritual no campo do sufismo contemporâneo. O principal objetivo do texto é analisar a dinâmica epistemológica do sufismo digital com relação aos modelos tradicionais e como eles afetam suas práticas espirituais e intelectuais. Para isso, é empregue metodologia interdisciplinar que combina etnografia digital e presencial colaborativa com hermenêutica simbólica e filosofia da religião. Além disso, as etnografias apresentadas aqui e sua análise subsequente consideram enfaticamente a virada ontológica na antropologia. O artigo conclui que a tariqa Tijaniyya não permaneceu isolada das profundas transformações sociais que vieram com a sociedade digital. Aliás, ela adaptou e repensou suas categorias epistêmicas tradicionais e, ao fazê-lo, criou desafios para os estudiosos da tariqa. Assim, surge o esboço de dois conceitos que aguardam maior desenvolvimento: a zawiya ilimitada e a biblioteca infinita, ambos constituindo o desafio atual a uma prática tradicional e esotérica. A originalidade desta pesquisa está em seu potencial de servir de premissa para outros contextos islâmicos, bem como para outras manifestações religiosas ou intelectuais que tenham um modelo epistêmico baseado na primazia do ritual, do esotérico e da tradição.
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