Antípoda. Revista de Antropología y Arqueología

Antipod. Rev. Antropol. Arqueol | eISSN 2011-4273 | ISSN 1900-5407

Atencionalidade e linhas de vida na malha Poopó-uru-qotzuñi (“gente da água”)

No. 34 (2019-01-01)
  • Koen de Munter
  • Felipe Trujillo
  • Ruth Carol Rocha Grimoldi

Resumo

Objetivo/contexto: Apresenta-se uma reflexão antropológica sobre o que os processos de desertificação do lago Poopó, na Bolívia, provocam particularmente para o grupo uru-qotzuñi (“gente da água”), a partir de um enfoque que se propõe como uma antropologia da vida. Analisa-se como as práticas cotidianas e rituais permitem uma correspondência com o lago e tecem assim uma malha de vida Poopó-qotzuñi. Metodologia: para este artigo, desenvolveu-se uma análise baseada em uma série de aspectos antropológicos que permitem pensar a vida em um sentido amplo e relacional, cujas pistas se encontram particularmente na obra recente de Tim Ingold, mas também de outros referentes ecológico-sociais, como Anna Tsing e Donna Haraway. A partir dessas propostas, foi possível aprender junto aos uru do Poopó sobre a atencionalidade e como viver (cor)respondendo com outras linhas de vida, por isso o texto é acompanhado das descobertas e aprendizagens obtidas ao longo de um trabalho etnográfico e de colaboração mantido no tempo com instituições locais dedicadas à defesa do lago e de seus habitantes. Conclusões: o que está em jogo, defendemos, não é apenas a disponibilidade hídrica, nem um conjunto de práticas culturais simplesmente associadas ao lago, mas a própria sobrevivência de toda essa malha de vida, em um sentido amplo e relacional. Assim, a partir de uma antropologia da vida, sobreviver pressupõe sempre um conviver em reciprocidade, que pode ser pensado — inclusive em suas dimensões político-jurídicas — em termos de atencionalidade. Originalidade: a análise proposta aqui se mostra relevante, em primeiro lugar, por ser um caso que não costuma ser estudado a partir de leituras antropológicas e, em segundo lugar, porque as indagações aqui expressadas buscam não apenas informar etnograficamente sobre um contexto ecológico social específico, mas também propor um olhar crítico e atento aos processos de vida que o acompanham, desdobrando no processo uma série de propostas teóricas contemporâneas e criativas em antropologia.

Palavras-chave: água, antropologia da vida, atencionalidade, lago Poopó, uru-qotzuñi

Referências

Arias Carballo, Julián.2015. Una Organización Social en Defensa de la Madre Tierra.Oruro: Coridup-CEPA.

Astvaldsson, Astvaldur.2000. Las Voces de los wak’a: Fuentes Principales del Poder Político Aymara. Serie Jesús de Machaqa: La Marka Rebelde. La Paz: Cipca.

Berchin, Issa Ibrahim, Isabela Blasi Valduga, Jéssica Garcia, y JoséBaltazar Salgueirinho Osório de Andrade Guerra. 2017. “Climate Change and Forced Migrations: An Effort towards Recognizing Climate Refugees”. Geoforum 84: 147-50.

Carey, Mark, Michel Baraer, Bryan G. Mark, Adam French, Jeffrey Bury, KennethR. Young, y JeffreyM. McKenzie. 2014. “Towards Hydro-Social Modeling: Merging Human Variables and the Social Sciences with Climate-Glacier Runoff Models (Santa River, Peru)”. Journal of Hydrology 518: 60-70.

Choque Churata, Calixta y AlisonSpedding. 2009. Culto a los uywiris. Comunicación ritual en Anchallani. La Paz: Iseat-Editorial Mama Huaco.

Conde, Marta.2017. “Resistance to Mining. A Review”. Ecological Economics 132: 80-90.

Condori, Santiago y GilbertoPauwels.1996. “Un angelito de Dios: los Chipayas y la naturaleza”. Eco Andino 1: 23-39.

Cresswell, Tim.2010. “Towards a Politics of Mobility. Environment and Planning”. Society and Space 28 (1): 17-31.

Crevels, Emily Irene y PieterMuysken, eds. 2009. Lenguas de Bolivia. La Paz: Plural Editores.

De Munter, Koen, JacquelineMichaux y GilbertoPauwels, eds. 2017. Ecología y Reciprocidad: “(con)vivir bien” desde contextos andinos. La Paz: Plural-URAL-CEPA-TARI.

De Munter, Koen.2018. “Leren door aandacht: doden bezoeken en gedenken, bij de Aymara en in de Lage Landen”. Volkskunde119 (1): 25-45.

De Munter, Koen.2016. “Ontología relacional y cosmopraxis, desde los Andes: Visitar y conmemorar entre familias Aymara”. Chungará. Revista de Antropología Chilena 48 (4): 629-64.

De Munter, Koen.2007. Nayra. Ojos al sur del presente: aproximaciones antropológicas a la interculturalidad contemporánea. Oruro: Latinas Editores-CEPA.

Diaz-Cuellar, Vladimir.2017. “The Political Economy of Mining in Bolivia during the Government of the Movement Towards Socialism (2006–2015)”. The Extractive Industries and Society 4 (1): 120-30.

Escobar, Arturo.2014. Sentipensar con la tierra: nuevas lecturas sobre desarrollo, territorio y diferencia.Medellín: Ediciones Unaula.

Farber, Jessica.2016. “Social Isolation and Climate Change: An Inextricable Bind”. McGwill University Research Papers, disponible en: http://www.socialconnectedness.org/wp-content/uploads/2017/03/Jessica-Farber-Social-Isolation-and-Climate-Change-An-Inextricable-Bind.pdf

Flores, Apolinar.2017. “Tierra-Territorio, alternativa de sobrevivencia para los pueblos urus del lago Poopó”. En Ecología y reciprocidad: “(con)vivir bien” desde contextos andinos, editado por Koen deMunter, JacquelineMichaux y GilbertoPauwels. La Paz: Plural-URAL-CEPA-TARI.

Gutiérrez Villca, Delia.2014. Caza y Pesca. Razón de existencia Uru. Cochabamba: Funproeib CENU.

Haraway, Donna J.2016. Staying with the Trouble: Making Kin in the Chtulucene. Durham: Duke University Press Books.

Ingold, Tim.2018c. Anthropology. Why it Matters. Nueva York: Wiley books.

Ingold, Tim.2018b. Anthropology and/as Education. Londres: Routledge.

Ingold, Tim.2018a. La vida de las líneas. Santiago: Ediciones Universidad Alberto Hurtado.

Ingold, Tim.2016. “From Science to Art and Back again: The Pendulum of an Anthropologist”. Anuac 5 (1): 5-23.

Lave, Jean.1991. “Situating Learning in Communities of Practice”. Perspectives on Socially Shared Cognition 2: 63-82.

Martinez-Alier, Javier, 2009. “Social Metabolism, Ecological Distribution Conflicts, and Languages of Valuation”. Capitalism Nature Socialism 20: 58–87.

Martinez-Alier, Javier.2003. The Environmentalism of the Poor: A Study of Ecological Conflicts and Valuation.Cheltenham: Edward Elgar Publishing.

Perreault, Tom.2015. “Performing Participation: Mining, Power, and the Limits of Public Consultation in Bolivia: Mining, Power, and the Limits of Public Consultation in Bolivia”. The Journal of Latin American and Caribbean Anthropology 20 (3): 433-451.

Posnansky, Arthur.1949. “Los Urus”. Recorte de prensa, Bolivia: La Paz.

Schneider, Martin y MarkusVogt.2017. “Responsible Resilience: Rekonstruktion der Normativität von Resilienz auf Basis einer Responsiven Ethik”. GAIA-Ecological Perspectives for Science and Society 26/S1.

Viaene, Lieselotte.2013. “La relevancia local de procesos de justicia transicional. Voces de sobrevivientes indígenas sobre justicia y reconciliación en Guatemala posconflicto.” Antípoda. Revista de Antropología y Arqueología 16: 85-112.

Wachtel, Nathan.1978. “Hommes d’eau: le probléme Uru -Xviéme Et Xviiéme siécle”. Annales, Economies, Sociétés et Civilisation 33 (5-6): 1126-1159.

Whitt, Clayton.2017. “Dying and Drying: The Case of Bolivia´s Lake Poopó”. En NACLA, edición 30 de junio, disponible en: https://nacla.org/news/2017/06/30/dying-and-dryingcase-bolivia%E2%80%99s-lake-poop%C3%

Yampara, Simón.2016. Suma Qama Qamaña. Paradigma Cosmo-Biótico Tiwanakuta Crítica al Sistema Mercantil Kapitalista. El Alto. Edición Qamañ Pacha.