Uma geografia para a guerra: narrativas do cerco em Francisco José de Caldas
No. 38 (2011-01-01)Autor(es)
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Felipe Martínez Pinzón
Resumo
Em dois de seus textos mais emblemáticos –“Estado de la geografia en el Virreinato de Santafé” (1807) e “Del influjo del clima sobre los seres organizados” (1808) – o intelectual neogranadino Francisco José de Caldas (1768-1816) constrói uma narrativa espacial para a Nueva Granada, na qual se organiza o espaço central do projeto crioulo como um lugar que adota em seus textos a forma do lugar cercado. Um lugar que é ao mesmo tempo retaguarda civilizadora e muralha prestes a ser invadida. Um espaço ambivalente que tematiza as ansiedades do projeto crioulo, primeiro, frente às comunidades não europeias por nacionalizar e, segundo, frente aos lugares que Caldas encontra, devido a seu clima, irremediavelmente fora do império civilizador; entre os quais está o seu maior pesadelo: a selva Assim, a futura república se constrói desde a necessidade de travar a guerra sobre seu próprio território para revitalizar sua narrativa genésica, que é a narrativa do cerco. Em Caldas é possível encontrar a semente da construção ideológica de um espaço que deu forma a uma república na qual a guerra é ontológica.
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