Trabalho doméstico-trabalho afetivo: sobre heteronormatividade e a colonialidade do trabalho no contexto das políticas migratórias da UE
No. 45 (2013-01-01)Autor(es)
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Encarnación Gutiérrez-Rodríguez
Resumo
A crescente incorporação das mulheres no mercado de trabalho, o envelhecimento da população e a privatização da segurança social na União Europeia (EU) vêm aumentando a procura de trabalhadoras domésticas e de cuidados nas últimas décadas. Uma grande parte desses lares opta empregar uma mulher para fazer este trabalho, que é principalmente realizado por mulheres imigrantes, algumas delas com residência irregular na Europa. É assim como se voltam a recriar e sedimentar hierarquias sociais estabelecidas por processos de feminização e racialização. Nesse contexto, este artigo tratará a situação de mulheres latino-americanas imigrantes e sem documentos, empregadas em lares privados no contexto da União Europeia. Ao se centrar nas relações afetivas entre trabalhadoras domésticas e suas empregadoras, tenta-se entender como determinam essa relação a lógica de diferenciação – que opera em um sistema hierárquico de classificação social baseado na feminização do trabalho –, o princípio dominante da heteronormatividade e as categorias de exclusão produzidas pelas políticas migratórias. Propõe-se, assim, entender o trabalho doméstico como trabalho afetivo determinado pelos vetores da “colonialidade do poder” e a heteronormatividade. Conclui-se com algumas considerações sobre a dimensão ético-política dos afetos.
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